Sabe quando notamos uma pinta diferente em nossa pele ou percebemos que aquela tosse chata está demorando para passar e corremos para procurar na internet o que poderia ser?
O comum é nos depararmos com doenças que possuem sintomas bem mais sérios do que os nossos. Tudo bem ficar ansioso por um momento logo após fazer a leitura de alguns sites, considerando se alguma daquelas doenças é uma possibilidade. Se a ansiedade em relação à saúde perdurar, no entanto, é sinal que você pode ser hipocondríaco.
O que é hipocondria?
A pessoa hipocondríaca acredita estar gravemente doente, mesmo sem ter consultado um médico para ter um diagnóstico. Ela se preocupa em demasiado com os sintomas que pode ter e com a sua saúde, visitando médicos para fazer check-ups rotineiros.
Essa apreensão está associada ao profundo medo da morte. Qualquer mal-estar é capaz de despertar a ansiedade associada a um fim prematuro da vida. Embora receba uma resposta positiva dos médicos sobre sua saúde durante uma consulta, o hipocondríaco mantém suas preocupações até o próximo motivo para visitar o hospital aparecer.
Em síntese, é uma preocupação irracional com a saúde a qual está associado à ansiedade. Os sintomas da hipocondria assemelham-se muito com os da ansiedade e os da síndrome do pânico, característica que torna esta patologia difícil de ser diagnosticada.
O que causa a hipocondria?
Há muitas caminhos que podem levar a um diagnóstico deste quadro, por isso, não é possível apontar uma causa específica para todos os hipocondríacos.
Todavia, experiências negativas e traumáticas na infância, doenças graves na família, histórico de transtorno de ansiedade, morte de alguém querido, ter sofrido com uma doença séria no passado são considerados fatores de risco.
Acredita-se também que pessoas negligenciadas pela família acabam inconscientemente usando a preocupação exagerada com doenças para chamar atenção e conseguir o desejado afeto, mesmo se for de médicos, enfermeiros e pessoas desconhecidas.
Quais os sintomas mais notáveis e como lidar com eles?
O principal sintoma é a apreensão referente a sensações corporais comuns, como um barulho no estômago após as refeições, ou ferimentos pequenos, como arranhões ou marcas arroxeadas na pele. A partir desta preocupação inicial, a pessoa hipocondríaca vivencia uma série de sintomas ligados à ansiedade.
1 - Preocupação excessiva com a saúde
A hipocondria leva o indivíduo a procurar sinais de possíveis doenças em seu corpo e ponderar se os sintomas de um resfriado podem evoluir para uma doença incurável.
A inquietação é tanta que a pessoa já começa a imaginar como a enfermidade X irá fragilizar sua condição de saúde atual. Se há um surto de alguma doença, o hipocondríaco corre verificar os sintomas para checar se não a tem e fica apreensivo com a possibilidade de ser contaminado.
Como lidar: estabeleça regras para usar o seu tempo online. Não pesquise por sintomas ou doenças graves ou raras, independentemente se estiver completamente saudável ou não. Pense logicamente e olhe para o seu estilo de vida. É provável que você esteja longe de ser afetado por um surto. Se estiver com muitas suspeitas, marque uma consulta com o seu médico.
2 - Isolamento social por medo de contaminações
A pessoa começa, aos poucos, a se distanciar de grupos sociais e locais públicos por temer contrair alguma doença. Após um tempo, este hábito é consolidado e o hipocondríaco fica a maior parte do tempo em casa, saindo apenas para o trabalho ou estudo ou outros compromissos essenciais. Este sintoma é um indicativo que a hipocondria está dominando a vida do indivíduo.
Como lidar: compreenda que o mundo externo não é perigoso, mas necessário para a sua sobrevivência e saúde mental. Se force a sair de casa, mesmo que seja para ir até a padaria da esquina. Convide amigos para encorajá-lo e peça para que eles lhe assegurem que você não ficará doente apenas por dar uma caminhada pelo bairro. Se estiver com muito receio, procure ajuda da sua psicóloga.
3 - Suspeitar de médicos e profissionais da saúde
O médico já deu o diagnóstico. Ainda assim, você tem medo e desconfia de suas palavras. Prossegue para o pronto atendimento no dia seguinte. Lá, os enfermeiros confirmam a normalidade dos seus sinais vitais ou, se necessário, dão um remédio para aliviar o sintoma que você sente, confirmando que não é nada grave. Mas você ainda não acredita. Por fim, procura mais três médicos para ouvi-lo.
Como lidar: esta é a ansiedade falando. Em vez de ouvir profissionais qualificados e experientes, você prefere fantasiar possíveis cenários de doenças. Este modo de pensar apenas contribui para que você fique ainda mais preocupado, concorda? Diga a você mesmo que o médico está correto. Se os exames não apresentarem nenhuma anormalidade e você se sente bem, não há nada a temer!
4 - Foco constante na saúde
Ao contrário do que muitos pensam, o hipocondríaco não cuida da saúde exageradamente no dia a dia. Ele apenas se preocupa muito com ela. Alguns hábitos para evitar contaminação por germes, como carregar álcool gel na bolsa e lavar as mãos constantemente, podem ser criados. No entanto, a pessoa cuida da saúde da mesma forma que um não hipocondríaco cuidaria.
Ainda assim, é comum falar e pensar frequentemente em doenças e maneiras de cuidar da saúde, embora estas não sejam aplicadas na vida real. Não há conversas sobre hobbies, o que passou na TV ontem, se vai chover amanhã ou qualquer outra assunto mais casual. A vida da pessoa acaba girando em torno de evitar patologias.
Como lidar: procure fazer algo fora do comum. Se matricule em um curso ou visite um grupo de apoio local. Pode até mesmo ser um grupo de apoio virtual, encontrados nas redes sociais. Dê mais atenção para atividades e assuntos que você goste e procure encher a sua cabeça com informações relacionadas a eles. Assim que uma preocupação com a saúde surgir, foque em outro assunto para espantá-la. Esqueça totalmente de sua existência. Outra dica é manter-se longe de programas de TV e publicações voltadas para a área da saúde para evitar a ansiedade.
5 - Estresse
Permanecer em constante estado de alerta eleva os níveis de estresse em nosso corpo. Este acaba sucumbindo a nossa maneira nociva de pensar e problemas de saúde reais começam a aparecer. É dessa forma que a pessoa hipocondríaca fica realmente doente. A qualidade de seus pensamentos e emoções é tão negativa que estressa o próprio corpo e psicológico.
Como lidar: embora seja difícil notar a existência do estresse logo de início, o tempo irá revelá-lo através de sintomas como irritabilidade extrema e fadiga muscular e mental. Para combater o estresse, você precisa aprender a relaxar. Não apenas o corpo, mas a mente. A ansiedade da hipocondria é alimentada pela qualidade dos seus pensamentos. Para que essa seja boa, você precisa ter pensamentos bons! Comece praticando a gratidão, especialmente por sua saúde.
6 - Visitas frequentes ao consultório médico
Ficou um tanto claro que o hipocondríaco procura médicos mesmo em perfeita saúde, certo? A necessidade de certificar-se de que realmente não há nada de errado é tanta que ele espera encontrar a resposta sempre no próximo consultório médico.
Como lidar: consulte-se apenas com um especialista de cada área. Nada de ficar mudando de cardiologista para cardiologista. Encontre médicos de confiança e permaneça com eles. Seja honesto sobre suas preocupações para que eles possam ajudá-lo a se sentir melhor sempre que necessário. Estabeleça uma boa relação com esses profissionais para poder tirar dúvidas através de um contato rápido e, assim, tranquilizar a sua mente. Mas não abuse da boa vontade alheia!
Como é o tratamento para a hipocondria?
Um tratamento excelente para hipocondríacos é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), pois foca em cessar condutas prejudiciais, substituindo-as por padrões de comportamento mais saudáveis.
Por vezes, pode haver exposição aos medos irracionais da pessoa. O psicólogo pode pedir para o paciente fazer exercícios se ele tiver medo de ter um ataque cardíaco. Obviamente, esta técnica é aplicada com base na confiança e resposta de cada indivíduo ao longo do tratamento. Além disso, as pessoas aprendem a olhar para a realidade de forma mais pragmática, impedindo que suas ansiedades se manifestem.
Por exemplo, um paciente pode contar ao psicólogo que sua preocupação sobre a saúde o levou a consultar oito médicos diferentes. No fim, chegaram ao mesmo diagnóstico. A reflexão sobre a necessidade de tomar essa atitude é encorajada pelo profissional. Um exemplo deste tipo de questionamento é: “se todos falaram a mesma coisa, por que visitar todos eles foi realmente necessário?”. O paciente confronta as próprias crenças de maneira segura!
Quer fazer psicoterapia e conversar sobre a hipocondria? Fale comigo!
Texto escrito por Tatiana Pimenta.
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